Trilha T16 – Dois Rios – Parnaioca
Distância: 7.750 metros (só a ida)
Nível: Subidas e descidas leves
Preparo físico: Pesado
Duração: 3 horas (só a ida)
Orientação: Médio
Atrações: Praias, rios, cachoeiras, piscinas naturais, naufrágio, mirantes, animais silvestres, ruínas, tocas, figueira branca, campings, igreja e cemitério centenário.
Dependendo da época do ano, principalmente nos feriados prolongados, você poderá ser impedido de chegar a este santuário ecológico se o número de visitantes chegar ao limite permitido. Esse controle é feito pelos guarda-parques em Dois Rios. Para não ter surpresas, é prudente que você faça reserva num dos quatro campings autorizados antes de se aventurar nesta trilha. É possível ir do Abraão à Parnaioca e voltar no mesmo dia porém é extremamente cansativo, sendo necessário ótimo preparo físico, psicológico. Disponha de pelo menos três dias para conhecer Parnaioca. Um dia para ir, outro para curtir e o terceiro para voltar.
O trecho mais pesado é entre o Abraão e Dois Rios que apresenta elevado grau de inclinação. A partir de Dois Rios, a trilha torna-se mais fechada, mas sem subidas extenuantes. Na verdade, o leito da trilha corta o que no tempo do presídio já foi uma estrada pavimentada. Em alguns trechos é possível avistarmos ruínas de pontes de alvenaria.
Evite sair de Dois Rios após as 14 horas para não correr o risco de caminhar no escuro. Em vários trechos da trilha existem buracos que, se você cair neles ninguém irá tirá-lo de lá. Vale notar que este trecho é a caminhada mais longa (praia a praia ) de toda a Ilha Grande, região deserta e isolada.
Leve algum lanche e deixe a lanterna numa posição fácil de pegá-la.
Percurso: Abraão à Dois Rios (2 horas e 30 minutos)
Siga as orientações do Roteiro da Trilha T14 (Abraão – Dois Rios)
Percurso: Dois Rios à Parnaioca (2 horas e 30 minutos)
A trilha para Parnaioca começa no final da rua, à direita da praça e junto às ruínas do extinto presídio, onde há Placa Informativa T16 (Dois Rios – Parnaioca). A placa informa que neste trecho o tempo de percurso será de 6 a 7 horas de caminhada (ida e volta), cobrindo uma extensão de 15.800 metros, também ida e volta. Ou seja: Você terá que pernoitar na Parnaioca.
Siga a trilha entre a placa e as ruínas do presídio. Mais alguns metros, surge ponte de concreto por onde desliza silencioso rio de águas límpidas. A trilha segue por entre a mata e tendo à esquerda um rio descendo entre pedras. Num determinado momento ele irá sumir de sua vista, voltando a aparecer alguns metros à frente, quando você atravessar uma ponte de concreto, junto a um bambual.
Após a ponte, a trilha cruza pequeno riacho e começa a subir suavemente, passando em seguida ao lado de bambual à direita. Mais bambus surgem e ao ficar plana, a trilha irá cruzar trecho com muitas samambaias.
Após placa de sinalização T16, a trilha volta a subir (suavemente), entrando agora numa zona de mata. A sombra torna menos árdua a caminhada, que depois dessa leve subida, desce um pouco, ficando em seguida plana por uns 200 metros.
Com 30 minutos de passeio, surge grande pedra à direita onde se vê pequena toca na base. Você ainda não chegou à Toca das Cinzas, continue em frente. Mais alguns metros, surge placa informativa T16 e, ao lado dela, uma pedra gigantesca. Esta, sim, é a Toca das Cinzas.
Toca das Cinzas
Diferente do que diz a placa, a historiografia registra que depois de desembarcarem no Caxadaço, os escravos eram trazidos para esta caverna onde ficavam de quarentena e depois eram distribuídos às fazendas de café e engenhos de açúcar. Em seu interior, os escravos acendiam fogueiras para se aquecerem, cozinharem seus alimentos e se protegerem dos animais rastejantes. Devido ao grande acúmulo de cinzas a toca passou a ser denominada como tal. Hoje, não é mais possível entrar em seu interior devido ao assoreamento que cobriu de pedras e terra o interior da caverna.
Não deixe o sangue esfriar e volte à trilha que segue mais ou menos plana. Logo surge outra pedra imensa à direita. Depois de breve subida, contornando um vale à esquerda, a trilha torna-se plana e logo você chegará a um riacho. Todo cuidado será pouco para atravessar as pedras soltas deste riacho. Sua água é potável, mas não deixe de se prevenir tratando-a com um purificador.
Após o riacho, a trilha sobe suavemente por entre a mata e com muitas pedras no piso. Após trecho plano, você passará por uns blocos de pedra grandes à direita, formando espécie de toca. Outra breve subida e de novo você verá gigantesca pedra formando toca bem parecida à Toca das Cinzas. Após esta toca, a trilha segue descendo e com o mar bem próximo. Note que o piso por onde passa a trilha é largo, como se ali de fato já existiu estrada. Portanto, sempre que possível siga os vestígios desta estrada que às vezes some devido a certos desmoronamentos do passado ou por alguma árvore que tenha caído, forçando a trilha a desviar o rumo.
Ao chegar numa clareira, onde há vestígios de deslizamento, hoje coberto de pequenos arbustos, você verá o mar e várias pedras formando pequenas ilhas. A trilha segue descendo passando por entre pés de samambaias. Após área alagadiça (às vezes), surge pequeno riacho descendo entre pedras.
Após o riacho, a trilha sobe suavemente e em pouco tempo você chega a uma imensa figueira branca (ficcusguaranitica) à esquerda. Um dos seus galhos caiu sobre a trilha, o que dificulta um pouco o caminhar. Esta é uma das maiores figueiras que se conhece na Ilha.
A trilha segue subindo suavemente até fazer curva de 90o à direita contornando um vale à esquerda. Aos poucos, ela faz curva à esquerda e desce suavemente passando ao lado de pirambeira à esquerda.
Mais à frente, você chega num leito de riacho com muitas pedras e uma ponte em ruína à esquerda. Se você for bom observador, verá num dos extremos da ponte um obelisco no meio do mato, o qual demarcava o meio da antiga estrada. Atravesse o riacho e siga subindo por entre pedras, raízes e árvores tombadas. Mais à frente, você começará a ouvir som de rio encachoeirado. Caminhando mais alguns metros, você irá cruzar por ele passando sobre as pedras do leito. Aproveite para reabastecer o cantil. Após o riacho, a trilha segue subindo.
Depois de breve trecho plano, ela volta a subir, e faz curva de 90o para a direita e logo a seguir, outra curva de 90o à direita, invertendo o sentido da trilha. Depois de uns 100 metros subindo, ela faz longa curva à esquerda e volta a acertar o rumo na direção Parnaioca. Mais à frente ela ficará plana, para em seguida, descer.
Alerta:
Ao chegar numa laje de pedra por onde escorre um riacho, tome cuidado com o despenhadeiro à esquerda. A pedra molhada é extremamente escorregadia e um acidente aqui, não terá final feliz.
Logo você passará ao lado de bambual (bambu gigante) à esquerda, em cujos caules estão gravadas mensagens escritas à ponta de canivete pelos caminhantes. Siga caminhando num sobe e desce contínuo com muitas curvas e pedras no piso. Fique atento a uns buracos que irão surgir por entre as pedras que você começará a atravessar.
Após bambual à direita, começa descida bastante acidentada com uma grota coberta de mata à esquerda. Fique atento à laje de pedra escorregadia que irá surgir. Passe com cuidado e mantenha o ritmo.
Ao ficar plana, talvez você nem note uma bifurcação à esquerda, descendo em direção ao mar. Siga em frente pela trilha principal, mais larga e definida onde você verá placa de sinalização T16. Neste trecho, a trilha faz muitas curvas e passa por entre vários blocos de pedra. Depois de breves descidas, planos e subidas, a trilha faz curva à direita e começará a descer em ziguezague em direção à praia. Ao final da descida, uma Placa Informativa T16 indica que você chegou ao Paraíso.
Logo após a placa você avista uma casa à direita. A trilha segue plana, passando por ponte de madeira sobre um córrego até chegar ao terreiro de uma casa (casa da Janete), cercado de touceiras de bambu e de frente para a praia. Aqui fica um dos campings, que além do espaço para montar as barracas, possui duas suítes.
Seguindo o caminho paralelo à praia, na direção de uma casa branca, fica o segundo camping, que pertence aos pais da Janete (Seu João e a Dona Zaíra). O caminho segue por um trecho arborizado. A casa que irá surgir à direita é a casa da Dona Marta, onde além de espaço para montar barracas, ela também serve deliciosos pratos caiçaras e café da manhã. Mais à frente, quando você avistar a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, surge caminho transversal à trilha. Na casa à direita, funciona o quarto camping, que é o do Seu Sílvio. Nestes campings as barracas ficam protegidas por uma lona e possui ampla cozinha para você preparar seu rango.
Alerta:
É proibido acampar fora da área de camping.
Parnaioca
Dependendo da temperatura da água, uma reação química chamada bioluminescência, que ocorre em micro organismos chamados fitoplânctons, pode te fazer pensar que no tempero do peixe que você comeu no jantar tinha alguma coisa a mais. Tudo brilha. Os passos na areia deixam um rastro de luz fosforescente e as ondas parecem de neon. Além dos vagalumes, que com suas “lanternas” sempre acesas, vêm atrás das larvas de tatuís.Com um quilômetro de extensão, areia dourada, mar azul cristalino, amendoeiras que sombreiam a orla, serras cobertas de mata por onde despencam rios encachoeirados, a lagoa junto à praia, mirantes, piscinas naturais, os gritos dos bugios, os animais que sem medo dos forasteiros começam a aparecer nos caminhos, entre tantas outras belezas indescritíveis fazem desta praia um verdadeiro santuário ecológico.
As histórias de naufrágio, piratas, assombrações e lendas contadas por seus anfitriões preparam os sonhos que você terá à noite.
Rios e cachoeiras
A foz do Rio Parnaioca, antes de se lançar ao mar, forma imensa lagoa. Na verdade, não existe cachoeira na Parnaioca. No entanto, seus rios são cheios de pequenas quedas d’água que formam poços cercados de pedras e mata para todos os lados.
Para chegar à foz do rio, siga à direita até o final da praia. Para alcançar as piscinas naturais formadas pelos córregos da Parnaioca e da Rezingueira, siga até a igreja e depois pela trilha que passa por de trás dela acompanhando a cerca do cemitério.
Certamente você não conhecerá todos os encantos e descobrirá todos os mistérios que este santuário abriga e precisará voltar outras vezes para confirmar se não foi um sonho.
Bom retorno.
Dicas do ilhagrande.com.br:
- Esteja você numa pousada, num camping ou em casa de amigos, sempre que sair para um passeio deixe recado informando o seu destino;
- O uso de um cantil é imprescindível em qualquer caminhada. Lanterna também é importante;
- Lembre em colocar sua vida e bem estar em primeiro lugar, faça uma caminhada com segurança acompanhado de um guia;
- ATENÇÃO. As placas oficiais e sinalização das trilhas estão em péssimo estado e conservação, muitas delas não existem mais. Fato constatado em 2023.
Confira as fotos da Trilha T16 |
Colaboração com fotos: Guia Ecológico João Pontes
Colaboração com conteúdo: Guia Bernardo José